segunda-feira, 20 de julho de 2015

Proteína dá pista para vencer fobia/ Protein gives clue to overcome phobia



Proteína dá pista para vencer fobia

Publicação: 2015-07-19 00:00:00 | Comentários: 0
A superação do medo que sentimos em determinadas situações, sem que exista uma ameaça real e imediata para isso, tem relação direta com uma proteína produzida naturalmente no cérebro e identificada pela sigla inglesa BDNF, que atua substituindo uma memória negativa por outra positiva. A descoberta, feita pela equipe de pesquisadores do Laboratório de Pesquisas sobre a Memória, do Instituto do Cérebro (Ice), ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), foi publicada recentemente na revista científica “The Journal of Neruroscience” e aponta um caminho para o tratamento de fobias.
Júnior SantosMaria Carolina Gonzales, uma das integrantes da pesquisa sobre a “proteína do medo”Maria Carolina Gonzales, uma das integrantes da pesquisa sobre a “proteína do medo”

“A gente está estudando o mecanismo básico para entender como as memórias são formadas, como elas podem ser mantidas e como podem ser extintas. Não estudamos uma patologia específica, mas o processo natural. Talvez, para o futuro, o estudo nos possibilite um conhecimento maior acerca de novas estratégias terapêuticas para o tratamento de pessoas que sofrem de transtornos pós-traumáticos”, diz a pesquisadora Andressa Radiske.

A proteína BDNF (sigla que em português significa “fator neurotrófico derivado do cérebro”) está envolvida nas modificações que acontecem nos neurônios decorrentes do aprendizado e da memória, segundo explica Radiske. Em função disso, ela e os outros cientistas da equipe — Maria Carolina Gonzalez, Janine Rossato, Cristiano Köhler, Jorge Medina e o neurocientista Martín Cammarota (chefe do Laboratório de Pesquisas sobre a Memória) — se debruçaram em estudos para descobrir se a proteína poderia estar envolvida na formação da memória da extinção, que seria uma memória que se sobrepõe a uma memória aversiva.

Após cinco anos de trabalho e experimentos com ratos de laboratório, a equipe obteve a resposta, e ela foi positiva. “Em um dos experimentos, a gente treinou os animais para que descessem numa parte de metal. Na primeira vez, eles sentiram um desconforto. Já nas outras vezes não sentiram mais. A reação positiva prevaleceu na medida  em que a quantidade de proteína aumentou, fazendo com que a primeira memória [da situação de desconforto] fosse sobreposta por outra memória não aversiva”, diz Andressa Radiske, que para explicar melhor a descoberta científica faz uma comparação com uma situação hipotética em que uma pessoa é vítima de assalto na rua e, em consequência disso, desenvolve um trauma a ponto de não querer mais sair de casa novamente.

De acordo com o que foi observado nos estudos, se depois essa pessoa sai à rua algumas vezes e nenhum fato negativo acontece, uma nova memória de não-medo, oposta à original, é formada e normalmente acaba por dominar o seu comportamento, mesmo que ela não tenha esquecido o episódio do assalto.

Tratamento de fobias
O chefe do Laboratório de Pesquisas sobre a Memória, Martín Cammarota, ressalta que a proteína BDNF é primordial para que possamos construir e manter, como parte do nosso acervo mnemônico, memórias que recontextualizam positivamente fatos traumáticos, mesmo sem esquecê-los.

Mas será que essa memória “boa” que se sobrepõe à memória “ruim” (como no exemplo do assalto) pode ser modificada a ponto de se tornar mais persistente? As pesquisas realizadas no Instituto do Cérebro (Ice) sugerem que sim, ao apontar para a possibilidade de que no futuro sejam desenvolvidos fármacos capazes de modular a produção, a maturação ou a sinalização neuronal induzida pelo BDNF para terapias capazes de favorecer pessoas que sofrem de transtornos pós-traumáticos.

Segundo Andressa Radiske, esses resultados são fundamentais para a compreensão dos mecanismos moleculares envolvidos no processamento das memórias aversivas e, em particular, o efeito que a expressão deste tipo de memórias tem na sua persistência. Dessa forma, “conhecer as consequências comportamentais produzidas pela utilização de uma memória de medo já consolidada certamente ajudará no desenvolvimento de medicamentos e terapias para modular sua reconsolidação e modificação”, o que auxiliaria o tratamento de pacientes com ansiedade ou transtorno pós-traumático, por exemplo.
Júnior SantosEquipe de pesquisadoras da UFRN falam, online, como chefe do laboratório de pesquisas da memória, prof. Martin CammarotaEquipe de pesquisadoras da UFRN falam, online, como chefe do laboratório de pesquisas da memória, prof. Martin Cammarota

O neurocientista Martín Cammarota alerta, no entanto, que apagar completamente um fato traumático não é bom porque seria como se não tivéssemos vivido o episódio, de tal forma que deixaríamos de estar preparados para evitá-lo. Segundo ele, as memórias aversivas nos permitem predizer eventos futuros e, assim, nos preparam para evitá-los.

“O caminho para tratar as fobias não é seu esquecimento, até porque seria quase impossível do ponto de vista técnico isolar uma memória de forma específica, o que dificulta enormemente apagar seletivamente um traço de memória”, esclarece.

Andressa Radiske enfatiza que o medo é um processo adaptativo que permite que a gente responda aos perigos que o ambiente nos oferece. “É importante sentir medo. O problema se dá quando esse medo se torna persistente, quando está sempre presente na nossa vida. Fazemos o experimento no laboratório com animais para poder estudar como é possível esse medo não se tornar mais tão persistente. Queremos saber se essa proteína poderia modificar a formação de uma nova memória que reprime esse medo persistente ao longo da vida.”   
FONTE: JORNAL TRIBUNA DO NORTE
http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/protea-na-da-pista-para-vencer-fobia/319526

Protein gives clue to overcome phobia
Posted: 19/07/2015 00:00:00 | Comments: 0
Overcoming the fear we feel in certain situations, without there being a real and immediate threat to it, it is directly related to a naturally produced protein in the brain and identified by the English acronym BDNF, which acts replacing a negative memory with another positive. The discovery, made by the team of researchers at the Research Laboratory for Memory, the Brain Institute (Ice), linked to the Federal University of Rio Grande do Norte (UFRN), was recently published in the journal "The Journal of Neruroscience" and indicates a path for the treatment of phobias.
 "We are studying the basic mechanism for understanding how memories are formed, how they can be kept and how they can become extinct. We do not study a specific pathology, but the natural process. Perhaps, for the future, the study will provide us with a greater knowledge of new therapeutic strategies for the treatment of people suffering from post-traumatic disorders, "says Andressa Radiske researcher.The protein BDNF (acronym which in Portuguese means "brain-derived neurotrophic factor") is involved in the changes that occur in neurons arising from learning and memory, according explains Radiske. As a result, she and other scientists team - Maria Carolina Gonzalez, Janine Rossato, Cristiano Köhler, Jorge Medina and neuroscientist Martin Cammarota (head of the Research Laboratory for Memory) - have focused on studies to see if the protein could be involved in memory formation extinction, it was a memory that overlaps with an aversive memory.know more

    
APP facilitates learning BiochemistryAfter five years of work and experiments with laboratory mice, the team got the answer, and it was positive. "In one experiment, we trained the animals to go down on a piece of metal. The first time, they felt discomfort. Already in sometimes not felt more. The positive reaction prevailed in that the amount of protein increased, causing the first memory [uncomfortable situation of] was overlapped by another memory not aversive "said Andressa Radiske that to better explain the scientific discovery makes a comparison with a hypothetical situation where a person is assault victim in the street and, as a result, developed a trauma to the point of not wanting to leave the house again.According to what has been observed in studies, then that person goes out a few times and no negative does happen, a new memory-not fear, as opposed to the original, is formed and usually ends up dominating their behavior, even if she has not forgotten the episode of the assault.Chief fobiasO treatment of the Research Laboratory for Memory, Martin Cammarota, points out that the BDNF protein is essential for us to build and maintain, as part of our mnemonic collection, memories that positively recontextualize traumatic events without even forget them.But is this memory "good" that overlaps the "bad" memory (as in the case of assault) can be modified as to become more persistent? The studies conducted in the Brain Institute (Ice) suggest so, pointing to the possibility that are developed in the future drugs that modulate the production, maturation and neuronal signaling induced by BDNF for therapies capable of favoring people suffering from post-traumatic disorders.According Andressa Radiske, these results are fundamental for understanding the molecular mechanisms involved in the processing of aversive memories and, in particular, the effect that the expression of this type of memory has on its persistence. Thus, "to know the behavioral effects produced by the use of a consolidated fear memory will certainly help in the development of drugs and therapies to modulate their reconsolidation and modification", which would help treat patients with anxiety or post-traumatic disorder, for example
Neuroscientist Martin Cammarota alert, however, to completely erase a traumatic thing is not good because it would be like if we had not lived long episode, so that we would no longer be prepared to avoid it. He said the aversive memories allow us to predict future events and thus prepare us to avoid them."The way to treat phobias is not his forgetfulness, because it would be almost impossible from the technical point of view isolate a specific shape memory, which greatly hinders selectively erase a memory trace," he explains.Andressa Radiske emphasizes that fear is an adaptive process that allows us to respond to the dangers that the environment offers. "It's important to feel fear. The problem is when this fear becomes persistent when it is always present in our lives. We do the experiment in laboratory animals in order to study how it is possible that fear does not make it so persistent. We want to know if this protein could modify the formation of a new memory that represses this lingering fear throughout life. 
 
 

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