TRABALHO NA INTEGRA COM FÓTOS EM:
http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/saude/epg/EPG00135_01O.pdf
http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/saude/epg/EPG00135_01O.pdf
LASER E
ULTRA-SOM NA CICATRIZAÇÃO EM PACIENTES SUBMETIDOS À ABDOMINOPLASTIA
Veruska Cronemberger Nogueira1, 2, 3,
Maira Damasceno Cunha1, Juçara Gonçalves de Castro1, 2, Gisella Lustoza
Serafim1,
2, 3, Regiane Albertini3
1Facid/Fisioterapia, R.Rio Poty, 2381, Horto Florestal,
CEP-64051.210, Teresina-PI, veruskanogueira@facid.com.br,
mairadamasceno@uol.com.br,juçaracastro@facid.com.br
2Uespi/Facime, R. João Cabral, 2231, Pirajá,
CEP-64002.150, Teresina-PI, gisellaserafim@yahoo.com.br
3Univap/IP&G, Av. Shishima Hifumi, 2911, Urbanova,
CEP-12244.000, São José dos Campos-SP, regiane@univap.br
Resumo-
Este estudo mostra os efeitos da
terapia com laser e ultra-som na regeneração tecidual após abdominoplastia. A
amostra foi composta por 4 prontuários de pacientes do sexo feminino, com faixa
etária de 28-53 anos, tendo como sintoma a alteração de cicatrização após
abdominoplastia. A conduta inicialmente era realizada com sessões diárias,
passando a alternadas após o quinto atendimento, totalizando entre 6 e 30
sessões. O laser utilizado foi Arseneto de Gálio, 904 nanômetro, com freqüência
de 5 hertz, profundidade de 5 milímetros e dose de 50 milijoules; e ultra-som
com freqüência de 3 megahertz, potência de 0,5 watts por centímetro quadrado e
modo contínuo. Foram utilizados para coleta e análise de dados: informações da
anamnese, exame físico e dados da evolução das pacientes considerando-se a
caracterização das lesões de cada paciente. O estudo observou a proliferação e
a aceleração no reparo do tecidual e a redução da tensão tissular, levando ao
fechamento total da lesão. Por fim o laser e o ultra-som se mostram eficientes
no tratamento das alterações de cicatrização.
Palavras-chave: Abdominoplastia, Cicatrização, Necrose, Ultra-som,
Laser
Área
do Conhecimento:
1-Introdução
Um grande número de pessoas se
submete a abdominoplastia (cirurgia plástica que consiste na correção funcional
e estética da parede abdominal), como recurso para diminuir a flacidez. Durante
essa cirurgia podem ocorrer alterações, tais como: deslocamento abdominal
aumentado, espessura do retalho abdominal remanescente e rompimento dos vasos
importantes que favorecem as alterações de cicatrizações como necrose. De
acordo com Carvalho et all (2003), a cicatrização de feridas é um
processo complicado, interativo e integrativo, que envolve atividade celular e
quimiotáxica, com liberação de mediadores químicos associados a respostas
vasculares. É composta por uma seqüência de eventos que culmina no total
fechamento da derme lesionada, sendo o reparo constituído pelas fases de
inflamação, proliferativa e remodelamento da matriz.
As alterações das cicatrizações são
responsáveis por uma baixa síntese de colágeno, além de contribuírem para
aumentar os riscos de infecções e o tempo do reparo tecidual. (CARVALHO et
all 2003). Tendo em vista os agravantes mencionados, atualmente os estudos
buscam novos métodos terapêuticos que possam solucionar ou ainda minimizar as
falhas no processo de reparo tecidual. Tais métodos responsáveis por esse
processo de cicatrização envolvem o laser (As-Ga) de baixa intensidade e o
ultra-som (3MHz). E a ação conjunta dos mesmos nas alterações de cicatrizações
(necrose) torna fundamental por ser mais uma opção de recurso na terapêutica
para esta seqüela, com o objetivo de favorecer: um aumento da circulação,
relaxamento muscular, aumento da formação de colágeno, proliferação do tecido
de granulação, regeneração dos nervos seccionados, reduzindo quadro de
infecção, e diminuição da tensão tissular.
O objetivo desse estudo foi a análise da eficácia e atuação
do ultra-som (3MHz) e laser (As-Ga) de baixa intensidade no tratamento
fisioterapêutico de pacientes portadores de processos ulcerativos cutâneos
agudos.
2-Metodologia
Foi realizada uma pesquisa retrospectiva, através de
prontuários observados conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde, de pacientes submetidos à abdominoplastia.
Fizeram parte do estudo quatro prontuários de pacientes do
sexo feminino com faixa etária de 28-53 anos com alteração na cicatrização
(necrose) da ferida cirúrgica. Os prontuários foram cedidos por uma clínica de
Fisioterapia, especializada em acompanhar pacientes no pré e pós-operatório de
cirurgia plástica em Teresina – Pi.
XI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VII
Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1724
O acompanhamento dessas
pacientes foi feito pela Fisioterapeuta responsável pelo serviço.
Foram considerados os dados
informados nas fichas das pacientes como: anamnese, exame físico,
caracterização da lesão, recursos fisioterapêuticos utilizados (ultra-som (3
MHz) e laser (As-Ga)) e os registros fotográficos das lesões de cada paciente.
Fizeram parte do presente trabalho
protocolos de pacientes com necrose na ferida cirúrgica, que apresentavam bom
estado geral e não eram diabéticas ou tabagistas.
No protocolo de tratamento a que
foram submetidas as pacientes, utilizou-se ultra-som com freqüência de 3 MHz,
potência de 0,5 W/cm2, modo contínuo e tempo de 4 a 6 min; e laser (As-Ga) com
comprimento de onda de 904 nm, freqüência de 5 Hz, profundidade de 5 mm, dose
de 50mj, com tempo de 4 a 7 min (dependendo da extensão de cada lesão) com
aplicação pontual e em varredura.
No início do tratamento as sessões
eram diárias durante cinco dias consecutivos; posteriormente foram realizadas
em dias alternados (três vezes por semana). Os tratamentos duraram de 20 a 120
dias, de acordo com a profundidade da lesão.
Os relatos de casos foram
estruturados de acordo com a anamnese da paciente, apresentando os seguintes
tópicos: sexo, idade, história pessoal, tipo de cirurgia realizada, localização
anatômica da úlcera, tratamentos realizados e medicamentos utilizados.
Relato de caso I
Figura 1-11º dia de pós-operatório.
N.F.R.D., 51 anos, estado geral bom,
realizou abdominoplastia e cirurgia para retirada de nódulo da mama esquerda.
Nega história de hipertensão arterial, diabetes e tabagismo. Iniciou o
tratamento fisioterapêutico no 11º dia de pós-operatório. Apresentava, no exame
físico, lesões superficiais supra e infra umbilicais em 1/3 médio da ferida
cirúrgica. Antes do tratamento fisioterapêutico a paciente utilizava cicatren e
posteriormente nitrato de prata.
Foram realizadas 10 sessões de
fisioterapia com laser de (As-Ga) por 5 min e aplicação pontual e em varredura;
e do ultra -som com o tempo de 4 min.
Na segunda sessão de fisioterapia foi feito debridamento da
ferida antes do tratamento fisioterapêutico.
O tratamento, em três semanas, apresentou redução completa da
lesão.
Figura 2- 10ª sessão de fisioterapia
Relato de caso II
Figura 3-13º dia de pós-operatório.
R.M.S.A., 53 anos, hipertensa controlada; nega diabetes e
tabagismo. Iniciou o tratamento fisioterapêutico no 13º dia do pós-operatório.
Apresentava lesões em 1/3 médio da ferida cirúrgica e discreta epiteliose na
região superior da crista ilíaca direita.
A paciente não fez uso de medicamentos cicatrizantes
(pomadas). Foram realizadas sessões de fisioterapia: com laser (5 min), com
aplicação pontual e em varredura; e ultra-som por 4 min.
O tratamento em duas semanas, com seis atendimentos,
apresentou redução completa das lesões.
Figura 4- 6ª sessão de fisioterapia
XI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VII
Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1725
Relato de caso III
Figura 5-13º dia de pós-operatório.
S.M.C.S., 40 anos, com estado geral
bom e sem outras patologias associadas. Iniciou o tratamento fisioterapêutico
no 13º dia de pós-operatório apresentando lesões superficiais na ferida
cirúrgica.
A paciente não fez uso de
medicamentos cicatrizantes (pomadas). Foram realizadas dez sessões de
fisioterapia: com o uso do laser (5 min) e a aplicação pontual e em varredura;
e do ultra-som (4 min).
O tratamento em 3 semanas, com 10
sessões de fisioterapia, apresentou redução completa da lesão.
Figura 6- 10ª sessão de fisioterapia
Relato de caso IV
Figura 7- 9º dia de pós-operatório.
T.M.H.N., 28 anos, paciente com estado geral bom sem outras
patologias associadas, realizou abdominoplastia e cirurgia para colocar prótese
de mama. Iniciou o tratamento fisioterapêutico no 9º dia de pós-operatório
apresentando extensa área de necrose da região infra umbilical até a ferida
cirúrgica, com lesões superficiais (epiteliose) e profundas (necrose tecidual).
Ao iniciar o tratamento, a paciente fazia uso de dersani (óleo
de girassol) e posteriormente fez uso de papaína.
Foram realizadas inicialmente 5 sessões de fisioterapia
consecutivas na primeira semana, nas cinco semanas seguintes, realizaram-se 3
três sessões de em dias alternados e posteriormente uma sessão durante 3
semanas. Totalizando 28 sessões em 4 meses de tratamento, com redução completa
da lesão.
Figura 2- 28ª sessão de fisioterapia
3-Resultados
No estudo dos casos I, II e III as lesões eram menores e mais
superficiais, caracterizando uma área mais restrita de sofrimento vascular,
portanto, tiveram uma reparação tecidual mais rápida. Na paciente do caso IV, a
lesão era extensa, com comprometimento de toda derme e tela subcutânea. Nesta
paciente ressalta-se a qualidade do tecido abdominal pré-cirurgico, onde se
percebia a presença de estrias e flacidez. Nas estrias encontramos atrofia e
perda da elasticidade da pele com tecido pouco vascularizado, o que compromete
a nutrição do retalho cutâneo e, consequentemente, dificultando o processo de cicatrização;
estes fatores podem ter sido determinantes na irrigação do retalho, favorecendo
o aparecimento de áreas de isquemia e morte tecidual.
Mesmo com um maior tempo para o fechamento completo da lesão
da paciente descrita no caso IV, a cicatriz formada teve reparo com tecido
cicatricial e com melhor alinhamento das fibras colágenas e menor formação de
tecido fibroso.
XI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VII
Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1726
4-Discussão
A cicatrização tecidual é um processo
complexo que envolve atividade local e sistêmica do organismo. A ação
terapêutica do ultra-som e do laser na cicatrização também é bastante complexa,
induzindo efeitos locais e sistêmicos; tróficos e regenerativos;
antiinflamatórios e antálgicos.
A alteração de cicatrização relatada
no resultado desse estudo provavelmente se deu por um sofrimento dos vasos da
parede abdominal posterior a hemostasia própria do procedimento cirúrgico;
causando dificuldade de irrigação em determinada região, levando a uma isquemia
e ocasionando a morte tecidual, ou seja, a necrose.
Vários estudos têm investigado a
eficácia do laser de baixa intensidade no fechamento de úlceras crônicas,
entretanto, não há estudos mostrando a ação do laser em feridas agudas, nem
comprovação da eficácia do ultra-som nesse processo de reparação tecidual.
Passarela (1989 apud Guirro
2004), descreve que o laser de baixa intensidade acelera a divisão celular;
observa-se um aumento dos leucócitos que participam da fagocitose e uma maior
síntese de colágeno por parte dos fibroblastos. A epitelização inicia-se nas
bordas da úlcera e em alguns focos epidérmicos, no presente estudo, a
cicatrização deu-se de baixo para cima e das bordas para o centro.
Segundo Guirro e Guirro (2004), em
feridas por pressão, foi observada a efetividade do ultra-som no alívio da
congestão, limpando as áreas de necrose e promovendo a cicatrização e
recuperação da pele saudável, que apresentou espessura normal e sem aderência,
com evolução aparentemente normal.
Mendonça, A. C. et all.(2006),
afirmam que vários experimentos vêm demonstrando a superioridade do ultra-som
pulsado, em comparação com o contínuo. O ultra-som pulsado é caracterizado por
pausas entre os ciclos de transmissão, minimizando os efeitos térmicos e
maximizando o efeito mecânico da irradiação, do que resulta um aumento da
síntese de colágeno, que chega a 30% contra 20% com o ultra-som contínuo, para
a mesma intensidade.
O aparecimento de necroses, em todos
os casos, foi verificado na fase inflamatória do processo cicatricial, e
acometeram o terço médio da ferida cirúrgica; tal fato pode estar relacionado
com a hemostasia no procedimento cirúrgico, com a manipulação pericirúrgica, ou
ainda por ser esta a área de maior tensão tecidual após a sutura, causando
sofrimento vascular na extremidade do retalho cutâneo.
A extensão e a profundidade das
lesões trazem uma estreita relação com o comprometimento circulatório local; o
conhecimento destes aspectos foi importante no tratamento fisioterapêutico, uma
vez que se pode observar: quanto menor e mais superficial as lesões, mais
rápida a cicatrização.
5-Conclusão
Esse estudo constatou, através da análise de prontuários, que
a intervenção precoce com o laser e ultra-som em feridas cirúrgicas, ajuda a
reduzir a lesão com uma melhor qualidade na ferida cicatricial.
6-Referências
- CARVALHO,
P. T. C. et all. Análise de fibras colágenas através da morfometria
computadorizada em feridas cutâneas de ratos submetidos a irradiação do laser
HeNe. Fisioterapia Brasil, Rio de Janeiro, n. 4, v. 4, 2003.
- ENDOPHOTON. Manual
de Operação: laser-KLD Biosistemas Equipamentos Eletrônicos Ltda. Amparo,
São Paulo.
- GUIRRO,
Elaine; GUIRRO, Rinaldo. Fisioterapia dermato-funcional. 3. ed. São
Paulo: Manole, 2004.
- LAKATOS, Eva
Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 3.ed. São
Paulo: Atlas, 2000.
- __________ .Metodologia
científica. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2004.
- MANUAL DO USUÁRIO.
DGM Eletrônica. Ltda. São Paulo, 2004.
- MENDONÇA, A.
C. et all. Efeitos do ultra-som pulsado de baixa intensidade sobre a
cicatrização por segunda intenção de lesões cutâneas totais em ratos Acta
ortop. bras. v.14 n.3 São Paulo 2006.
- VIEIRA,
Sônia; HOSSNE, William S. Metodologia científica para a área de saúde. Rio
de Janeiro: Campus, 2001.
XI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
VII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do
Paraíba 1727
Dr.
Alexandre fisioterapeuta em natal CREFITO-1/7221-LFT
alexandre.fisio1973@gmail.com
alexandre.fisio1973@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário